quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Poder e anti-poder

Já Montesquieu dizia que só o poder limita o poder. Por isso, a quem quer ficar de fora desse círculo vicioso, resta a alternativa enunciada por Miguel Torga, no seu Diário vol. VII: "Há em mim uma raíz anarquista que me não deixa tolerar o poder. Sou contra ele porque degrada tudo: quem o exerce e quem o tolera".

3 comentários:

Anabela disse...

...querido Viriato...e a mim apetece-me citar o Banqueiro Anarquista de F. Pessoa: "A teoria anarquista, a verdadeira teoria, é só uma. Tenho a que sempre tive, desde que me tornei anarquista. V. já vai ver... Ia eu dizendo que, como era lúcido por natureza, me tornei anarquista consciente. Ora o que é um anarquista? É um revoltado contra a injustiça de nascermos desiguais socialmente - no fundo é só isto. E de aí resulta, como é de ver, a revolta contra as convenções sociais que tornam essa desigualdade possível. O que lhe estou indicando agora é o caminho psicológico, isto é, como é que a gente se torna anarquista; já vamos à parte teórica do assunto. Por agora, compreenda V. bem qual seria a revolta de um tipo inteligente nas minhas circunstâncias.(...)

Anabela disse...

``As injustiças da Natureza, vá: não as podemos evitar. Agora as da sociedade e das suas convenções - essas, por que não evitá-las? Aceito - não tenho mesmo outro remédio - que um homem seja superior a mim por o que a Natureza lhe deu - o talento, a força, a energia; não aceito que ele seja meu superior por qualidades postiças, com que não saiu do ventre da mãe, mas que lhe aconteceram por bambúrrio logo que ele apareceu cá fora - a riqueza, a posição social, a vida facilitada, etc. Foi da revolta que lhe estou figurando por estas considerações que nasceu o meu anarquismo de então - o anarquismo que, já lhe disse, mantenho hoje sem alteração nenhuma.''(continuação da citação)

Anabela disse...

http://pt.scribd.com/doc/9381150/O-BANQUEIRO-ANARQUISTAFernando-Pessoa

(texto integral)