terça-feira, 23 de setembro de 2008

Finanças submetem economia

No mundo de hoje, deixaram de ter primazia os princípios económicos e são as estratégias financeiras que ditam as regras. Veja-se o caso das crianças que foram deixadas engordar ao mesmo tempo que muita gente ganhava dinheiro com a promoção de todo o tipo de erros alimentares. Resultado: actualmente, temos uma população de jovens obesos, com os custos inerentes a tal situação, mas esses mesmos jovens constituem um excelente nicho de mercado para o desenvolvimento de uma nova actividade - os ginásios infantis onde se geram renovados fluxos financeiros.

É contra esta sociedade irracional que me insurjo: o que importa é gerar dinheiro, mesmo que seja à custa da promoção de erros e, posteriormente, da correcção desses mesmos erros. Em contrapartida, a opção económica teria canalizado recursos uma só vez, promovendo a educação alimentar junto das crianças, de modo a que estas não tivessem chegado a tornar-se jovens obesos.

sábado, 2 de agosto de 2008

André Macedo a caminho da Media Capital?

O director do Diário Económico, André Macedo, apresentou o seu pedido de demissão no dia 1 de Agosto e disse que queria ficar livre para abraçar outros projectos. No seu último dia no jornal, Macedo assinou uma entrevista exclusiva com o administrador-delegado da Media Capital, Manuel Polanco. Estará André Macedo a caminho da Media Capital?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Assino por baixo

"A rádio foi progressivamente sendo morta por programas que queriam ter graça mas não tinham nenhuma, por notícias ansiosas, por gravações de declarações a favor e contra repetidas vezes sem fim, a propósito de tudo e de nada." - Manuel Falcão in Saudades da rádio.

sábado, 31 de maio de 2008

A pensar no "day-after"?

O Público interroga-se aqui se Manuela Ferreira Leite, ao interromper a campanha eleitoral para ir conhecer o neto, protagonizou «um genial golpe de marketing que "humanizou" a candidata e fará a diferença nas directas que vão eleger o novo presidente do PSD». No meu entender, a estratégia da candidatura de MFL visou algo menos imediato. Na perspectiva de uma vitória assegurada dentro do partido, a "humanização" da candidata visa já o confronto com Sócrates para as legislativas do próximo ano.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Conservador-Liberal-Socialista

A propósito do texto "Liberais-Conservadores" de Pedro Lomba, no DN, atrevo-me a acrescentar um terceiro ramo à genealogia política. Por que não poder defender, simultaneamente, ideias socialistas, liberais e conservadoras, consoante estejam em discussão, por exemplo, questões sociais, aspectos morais ou opções económicas? Quem quiser saber mais pode ir aqui.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A cor do poder

Já lá vai uma semana e a comunicação social, sempre tão lesta a dar conta das questiúnculas no seio do PSD, não voltou a tocar no assunto. Porque será que as´"guerras" entre sociais-democratas parecem ter sempre mais valor noticioso do que as contradições entre socialistas, mesmo que estas envolvam sacos azuis e alegados financiamentos partidários? Será tudo uma questão da cor do poder (noticioso)?

domingo, 11 de maio de 2008

Mestres e discípulos


Logo na Introdução, George Steiner dá o mote a uma das questões centrais do livro deixando entender que a ignorância pode conduzir a juízos categóricos. Pelo contrário, a aprendizagem só gera incertezas: "Após meio século de actividade docente em numerosos países e sistemas de ensino superior, apercebi-me da minha crescente incerteza quanto à legitimidade e às verdades fundamentais desta «profissão»." (pág. 11).

E, no entanto, este é um verdadeiro tratado de erudição que percorre, ao longo de mais de dois milénios, as lições dos Mestres em disciplinas que vão da filosofia, à literatura e à música. Ainda assim, no final, consciente das suas limitações, Steiner reconhece que "«Cobrir» todo este campo seria uma ambição absurda. As línguas necessárias, o conhecimento etnográfico, antropológico, histórico e científico de que precisaríamos ultrapassam em muito qualquer testemunha individual." (pág. 123).

George Steiner coloca-se na esteira de Sócrates que defendia "uma vida interrogativa, logo justa" (pág. 33) e para quem o verdadeiro ensino se faz por meio do exemplo não chegando, porém, ao ponto do desdém pela academia manifestado por Goethe: "Aquele que sabe, faz. Aquele que não sabe, ensina." (pág. 63). Além do mais, o exemplo parece ser algo do passado: "A admiração, para evitar falar de reverência, passou de moda. Somos viciados na inveja, na difamação, no rebaixamento." (pág. 147).

Steiner lembra-nos ainda que só os génios nos obrigam ao regresso repetido aos seus textos. As estruturas abertas, "no sentido em que possibilitam uma multiplicidade inesgotável de interpretações, mantêm o espírito humano em desequilíbrio." (pág. 37). Assim, mais do que afiançar o sim ou o não, ensinar deve estimular os porquês, com todos os perigos inerentes a tal atitude: "O grande ensino é aquele que desperta dúvidas, que encoraja a dissidência, que prepara o aluno para a partida («Agora deixa-me», ordena Zaratustra). No final, um verdadeiro Mestre deve estar só." (pág. 88). E o discípulo autêntico acabará por rejeitar o Mestre (pág. 99).

Na interacção entre Mestre e discípulo, cada vez mais, é o discípulo quem faz o Mestre e não o contrário, até porque ninguém ensina quem não quer aprender. Só aprende quem quer e só ensina quem pode. Quem aprende ajuda, decisivamente, quem ensina. De resto, na língua francesa, ensinar e aprender são, desde o século XII, sinónimos. O verbo apprendre que já era aprender torna-se, também, ensinar: apprendre quelque chose, mas também apprendre à quelqu'un. Ensinar e aprender são as duas faces de uma mesma moeda que tem servido, século após século, para pagar o tributo aos Deuses da Criação.

No entanto, se ensinar pode ser gratificante, mais importante é aprender. Sem aprendizagem a humanidade já teria desaparecido há muito. Não querendo ser mais céptico do que se manifesta o próprio Steiner, no final do livro, não deixo de me interrogar se não haverá o risco de que as tecnologias nos induzam a ideia de que não é preciso aprender. Que todo o ensino está garantido e disponível e é um dado adquirido para sempre.

Colaboração de Vítor Soares

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Bocas

"O primeiro-ministro tem o seu estilo e...Não faço ideia. Sei o que se faz noutros países, mas acho que as coisas em Portugal estão um pouco invertidas, nem é subvertidas"

Declarações de Manuela Moura Guedes ao jornal Público, de 09/05/2008, em resposta à pergunta sobre se José Sócrates aceitaria um convite para ir ao seu Jornal.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Eleição de Pedro Passos Coelho pode reformular o sistema partidário

É talvez a única oportunidade de se quebrar o arco do poder PS-PSD que governa Portugal há dezenas de anos.
A eleição de Pedro Passos Coelho fará estilhaçar o “velho” PSD (que deixou, definitivamente, de ser um partido reformista, com ou sem Manuela Ferreira Leite) e criará condições para haver rupturas que o sistema partidário português precisa como de pão para a boca.
Um PSD (com este ou com outro nome) à imagem de Passos Coelho será um partido liberal de centro-direita onde não se sentirão confortáveis os genuínos sociais-democratas que ainda por lá restam. Estes irão, certamente, ser acolhidos por um PS cada vez mais centrista, e que, por isso, deixará de constituir alternativa e de onde poderão descolar muitos socialistas insatisfeitos à procura de um projecto de poder que se possa constituir numa via de esquerda por oposição às opções liberais.

domingo, 4 de maio de 2008

José Saramago morou na minha rua

Foi no início dos anos 70 que me habituei a ver a figura de José Saramago no café do bairro, junto ao elevador da Bica, ou descendo a minha rua, sempre com a postura erecta que o caracteriza, a caminho da casa onde morava Isabel da Nóbrega. Os dois viviam então os primeiros tempos de uma relação que, conforme Saramago relata na sua autobiografia, duraria até 1986.

Colaboração de Vítor Soares

Irene Pimentel

Será esta a mesma Irene que eu conheci, antes do 25 de Abril, deixando deslizar seu sorriso suave pelos quatro pisos da Livraria Opinião? E o Madeira Luís? E o Hipólito? Que será feito deles? O Pedro Bandeira Freire, já sabemos, não resistiu à agonia do seu Quarteto.

O PS agradece!...

É preciso é que haja muitas disputas internas e muitas notícias para a comunicação social. Enquanto se for discutindo o PSD, não se fala do PS.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Para evocar o Maio de 68


Ao invés de continuar a rebuscar as memórias vindas de França, a minha proposta vai para a leitura deste livro, acabado de sair. Partindo do caso de Coimbra, o autor analisa a dissidência política e cultural que atravessa as universidades portuguesas entre 1956 e 1974.

"Os campi universitários foram os laboratórios privilegiados para a experimentação destas novas atitudes conflituantes, que viriam a ter o seu auge simbólico no ano de 1968, em grande medida devido à contestação mediática que deflagrou em Paris durante os meses de Maio e Junho. Apesar da magnitude do impacto, os acontecimentos de «Maio de 68» não foram, porém, mais do que um abalo de superior visibilidade num território em permanente ebulição" (pág. 11).

No livro «A tradição da contestação» recusa-se o lugar comum de considerar as "crises académicas como o momento nuclear do activismo estudantil" e procura-se ir mais longe rejeitando um "tipo de história episódica" que "não facilita o entendimento do processo profundo de dissidência política, social e cultural que por estes anos atravessa o território estudantil" (pág. 203).

Miguel Cardina, que actualmente desenvolve uma tese de doutoramento sobre o desenvolvimento da esquerda radical durante o Estado Novo, lembra aqui que o radicalismo daqueles anos fez germinar uma esquerda heterodoxa que recusava a "disciplina do político" e para quem "A cólera e a festa, o colectivo e o individual, a política e a cultura, eram dois lados da mesma moeda. Em certa medida, a esquerda radical pós-moderna inscreve-se na linha de continuidade deste filão".

Colaboração de Vítor Soares

sexta-feira, 25 de abril de 2008

"Património", de Philip Roth


Tal como o anterior, este é um livro que decorre de uma experiência vivida na 1ª pessoa. E, no entanto, que diferença!...

Philip Roth nem sequer precisou de transmutar os acontecimentos verídicos em personagens fictícias para inundar o texto com uma tal densidade e uma textura ímpar capaz de suscitar o total deslumbramento perante a escrita.

A estrutura narrativa é poderosa e o rigor descritivo prende de tal forma que faz desfilar os episódios na imaginação do leitor, qual caleidoscópio arrebatador de que dificilmente nos conseguimos desviar.

Este “Património” não é apenas uma história verdadeira, à semelhança do que acontece com “O Último Ano em Luanda”. É muito mais do que isso. É uma alegoria à criação, a partir de factos reais, feita pela pena de alguém que mantém o pleno da sensibilidade numa personalidade adulta completamente formada, o que lhe permitiu interiorizar toda a memória emocional da luta do pai contra a morte e, posteriormente, reverter para o papel os mais recônditos desígnios da alma humana.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

“O Último Ano em Luanda”, de Tiago Rebelo


Quem, induzido pelo título, vá a pensar ler uma recriação do ambiente vivido em Angola, nos anos de 1974-75, pode passar à frente das primeiras 150 páginas das 470 que tem este livro.

De resto, na parte inicial, o enquadramento que é feito na caracterização dos dois principais personagens revela pouca consistência, pelo que a leitura se torna deveras entediante.

Também não deixam de suscitar alguma dificuldade na adesão à obra imprecisões detectadas no uso da terminologia militar: NT era uma sigla usada para o plural “nossas tropas” e não para o singular “nossa tropa”, conforme é referido na página 106; ou um pelotão não tem mais de 25-30 homens e não cinquenta como se diz a páginas 176. Estas perplexidades são tanto mais evidentes para quem conheceu, por dentro, o “esforço de guerra”, facto a que o autor só pode aludir através das suas fontes visto que, conforme reconhece no final do livro, tinha apenas 11 anos em 1975.

No cenário de “acontecimentos verídicos” que o autor reivindica há um que ele próprio testemunhou quando, na noite de 14 de Julho de 1975, embarcou rumo a Lisboa e que, no livro, é descrito através da personagem de Regina para quem foram transmutados os episódios que rodearam a partida do avião em Luanda. É um bom tipo de recurso que, todavia, soa a excasso no conjunto da obra.

Na parte final do livro o enredo torna-se mais empolgante mas, ainda assim, ressente-se de uma escrita que, embora esforçada, é pouco luminosa nas imagens e a que falta a riqueza vocabular que permitiria transformar esta história numa genuína odisseia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Cumprimentos cruzados

Rui Pedro Silva, convidado do programa "Minuto a Minuto", no âmbito da promoção do seu livro sobre o grupo The Doors: “Quero dar os parabéns ao Rádio Clube Português por passar muito boa música”. Para uma rádio que se diz de palavra não está mal… ahahah!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Políticos ou garotos

"Em Portugal nada parece ser explicável que não seja por corrupção, tráfico (e tráfego...) de influências e favorecimentos" - José Miguel Júdice no Público de 15.02.2008.

Pois, pois!...E se o que parece é assim mesmo?