A palavra chegou ao centro da vida pública, e também da vida privada, por via do valor absoluto associado à liberdade de expressão. Qualquer outro tipo de comunicação não verbalizada é sempre colocada uns furos abaixo e é menos valorizada. Porque a palavra seria menos manipulatória, porque esclareceria sempre mais, porque seria a forma suprema de chegar à verdade. E, no entanto, nada disto parece colar com a realidade quotidiana.
O uso e abuso da palavra desvalorizou-a, banalizou-a, prostituiu-a, com a agravante de que somos cada vez mais incapazes de descodificar correctamente sentimentos, gestos, atitudes, ou qualquer outro tipo de expressão não verbal, por falta de treino na matéria. A palavra impôs-se como a comunicação politicamente correcta, mesmo que signifique pouco ou nada. Há que dizer sempre alguma coisa mesmo que seja uma qualquer tanga, uma qualquer banalidade, cheia de vácuo e que não resiste à análise de uma recepção mais atenta. Seguindo o pensamento de Philippe Breton, atrevo-me a proclamar que a liberdade de expressão fica coxa sem uma complementar e efectiva liberdade de recepção.
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1 comentário:
....lindooooooooooooooooooooooo....
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