quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Regresso à minha cabana nos campos

1
Quando era novo serviu bem andar no mundo
Preferia sempre a montanha e os cerros
Fui por engano apanhado na época
E uns treze anos deixei longe o terreiro.
Pássaro preso lembra antigos matos
Peixe num tanque, o velho lago montesino.
Preparam cultivos em terras do Sul
Casmurro sempre regresso a estas paragens.
Este pedaço a três acres não chega
E o casinhoto, tecto de colmo, 8 ou 9 medidas.
Ulmeiro e choupo dão curva sombra às traseiras
Abrunho e pêssego se mostram 'fronte do salão maior
Perdido ao longe se esfuma um povoado
Escoam fumo os casebres,um e um.
Ladra um cão numa dessas quelhas
Os galos no cimo da 'moreira cocoricam.
A casa livre de cuidados e de poeiras
E num quarto vazio , tempo solto p'ra gastar.
A vida de homem como é presa de fantasmas?
Posso voltar a ser outra vez da Natura.

Tao Yuanming [Tao Qian] (365-427)
in Uma Antologia da Poesia Chinesa do Shijing a Lu Xun
- segundo milénio antes da era comum - século XX
(por Gil de Carvalho). Assírio e Alvim.

Colaboração de Vítor Soares

1 comentário:

Anabela disse...

....incursões pela Natureza similares às de A. Caeiro...o apelo da mãe Natureza...o aconchego nos elementos naturais...o afago...GOSTEI MUITO e desconhecia...vou ler mais!