sexta-feira, 25 de abril de 2008

"Património", de Philip Roth


Tal como o anterior, este é um livro que decorre de uma experiência vivida na 1ª pessoa. E, no entanto, que diferença!...

Philip Roth nem sequer precisou de transmutar os acontecimentos verídicos em personagens fictícias para inundar o texto com uma tal densidade e uma textura ímpar capaz de suscitar o total deslumbramento perante a escrita.

A estrutura narrativa é poderosa e o rigor descritivo prende de tal forma que faz desfilar os episódios na imaginação do leitor, qual caleidoscópio arrebatador de que dificilmente nos conseguimos desviar.

Este “Património” não é apenas uma história verdadeira, à semelhança do que acontece com “O Último Ano em Luanda”. É muito mais do que isso. É uma alegoria à criação, a partir de factos reais, feita pela pena de alguém que mantém o pleno da sensibilidade numa personalidade adulta completamente formada, o que lhe permitiu interiorizar toda a memória emocional da luta do pai contra a morte e, posteriormente, reverter para o papel os mais recônditos desígnios da alma humana.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

“O Último Ano em Luanda”, de Tiago Rebelo


Quem, induzido pelo título, vá a pensar ler uma recriação do ambiente vivido em Angola, nos anos de 1974-75, pode passar à frente das primeiras 150 páginas das 470 que tem este livro.

De resto, na parte inicial, o enquadramento que é feito na caracterização dos dois principais personagens revela pouca consistência, pelo que a leitura se torna deveras entediante.

Também não deixam de suscitar alguma dificuldade na adesão à obra imprecisões detectadas no uso da terminologia militar: NT era uma sigla usada para o plural “nossas tropas” e não para o singular “nossa tropa”, conforme é referido na página 106; ou um pelotão não tem mais de 25-30 homens e não cinquenta como se diz a páginas 176. Estas perplexidades são tanto mais evidentes para quem conheceu, por dentro, o “esforço de guerra”, facto a que o autor só pode aludir através das suas fontes visto que, conforme reconhece no final do livro, tinha apenas 11 anos em 1975.

No cenário de “acontecimentos verídicos” que o autor reivindica há um que ele próprio testemunhou quando, na noite de 14 de Julho de 1975, embarcou rumo a Lisboa e que, no livro, é descrito através da personagem de Regina para quem foram transmutados os episódios que rodearam a partida do avião em Luanda. É um bom tipo de recurso que, todavia, soa a excasso no conjunto da obra.

Na parte final do livro o enredo torna-se mais empolgante mas, ainda assim, ressente-se de uma escrita que, embora esforçada, é pouco luminosa nas imagens e a que falta a riqueza vocabular que permitiria transformar esta história numa genuína odisseia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Cumprimentos cruzados

Rui Pedro Silva, convidado do programa "Minuto a Minuto", no âmbito da promoção do seu livro sobre o grupo The Doors: “Quero dar os parabéns ao Rádio Clube Português por passar muito boa música”. Para uma rádio que se diz de palavra não está mal… ahahah!